quarta-feira, outubro 17, 2012

Superar ou entender?

Recebi um comentário hoje que me fez parar e pensar,ele falava que por eu estar escrevendo menos no meu blog,era sinal de que estaria superando a morte do meu pequeno. Fiquei refletindo sobre isso, me perguntando se de fato isto pode ser verdade,e cheguei a conclusão de que segui em frente,trabalhando,estudando,buscando crescer como pessoa e profissional,mas isso não significa uma superação,a vida nos atropela, as contas batem na porta e é preciso reagir, mas repito isso não significa não sentir,não sofrer. Acordar todos os dias, chegar em um hospital e ver as pessoas necessitando de cuidado, de carinho não é façil pra mim, ver as pessoas morrerem e o pior,ver seus familiares chorarem me faz voltar no tempo,e me ver naquelas cenas. Semana passada um guri de 16 anos foi atropelado por um caminhão e teve morte cerebral,enquanto a mãe não tinha chego eu estava seguindo com o atendimento, mas já tentando me preparar psicologicamente pra que quando ela entrasse pela porta chorando,desesperada eu não me abalasse á ponto de ter que deixar o meu paciente,o filho dela.Derrepente comecei a ouvir o choro daquela mulher desesperada pelo corredor, na hora em que ela entrou e se agarrou no filho, sem acreditar no que vía, naquele rosto sem vida, nos olhos apagados,naquele sorriso amarelo do médico sem ter nenhuma notícia positiva pra lhe dizer....meus olhos encheram d'agua, respirei fundo, fui até a porta dei mais uma respirada e voltei... São nesses momentos que eu começo a pensar em tudo que esta mãe terá que passar, toda a questão burocratica,funerária,enterro,doar suas roupas, seus pertences, o quarto vazio...e aí depois de tudo isso sobra o que? somente as lembranças, a saudade e um vazio tão grande e constante que não existe palavras capaz de descreve-lô. Eu tento todos os dias ajudar, principalemnte mães e pais que tem seus filhos dentro de um hospital público,como é o meu,lutando pra sobreviver contra o Câncer,confesso que minha atenção se triplica quando o assunto é câncer, quando vejo um mãe ou um pai com o filho internado, passando por quimio, por toda aquela maldita dor.. Gostaria de ser a Power Ranger Rosa que o Kaka dizia que eu era,e poder lutar com toda minha força contra esta maldita doença. Eu não sei se superei a morte do meu Kauã,acho que não existe superação pra morte de filho,eu não superei, eu acho que aprendi ou melhor entendi que o nosso amor jamais vai morrer, que nossa ligação é eterna e principalmente, eu entendi que anular minha vida, anulará a vida dele, me prender em um ambiente triste, me agarrar a seus brinquedos, roupas e fotos e parar tudo pra ficar chorando não vai ajuda-lô, dessa forma eu só vou lhe passar dor, tristeza, vibrações que irão lhe fazer mal....meu filho já sofreu de mais enquanto esteve vivo lutando contra o câncer, por ele eu não anulo minha vida, por ele eu luto e trabalho todos os dias com amor, por ele e somente por ele eu ainda estou aqui.